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Espelhos da alma
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Percurso desenhado da travessia no mar e rio.

Salvador - Morro de Sao Paulo - Gamboa - Baía de Camamu / Ilha do Goió - Maraú - Tremembé

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Saí de Salvador de manhã, cedo, pelo mar, num catamarã para ir até Morro de São Paulo​.

Aí estava eu pronta para mais uma aventura. Uma mala com as coisas necessárias para estar num barco, pouca roupa, cadernos-diarios, feitos especialmente para a viagem em parceria pela di.Versa; e materiais para desenhar, pintar e registrar os dias que estaria abordo. Na campanha de apoio, surgiram varias parcerias, entre elas, ir como comissionada registrando para o EAGER JOURNAL uma plataforma online, criada por Ross Belfer, que apresenta ensaios fotográficos originais tirados exclusivamente em formatos de fotografia de filme por colaboradores no mundo todo.


Cada residência é única. Para quem não sabe que é uma residência de arte, basicamente se trata de ir viver uma experiência por um tempo determinado, num outro lugar, pode ser um estúdio de artista, uma galeria, museu, no campo, ou porque não, num barco. 

 

Em palavras de outros:

“Uma experiência de residência pode gerar uma reflexão, uma adoção de novos paradigmas na produção criativa do artista, sem necessariamente gerar naquele instante histórico um objeto, um produto. As residências funcionam tanto como incubadoras de iniciativas, estéticas, reflexões na arte contemporânea, como podem significar a oxigenação ou uma nova injeção de ânimo nas artes, saberes e fazeres tradicionais.”

Fonte: O poder da residencia-artistica

As residências artísticas são:
• Tempo, espaço e recursos organizados e suficientes
• Ativadores do processo criativo
• Reflexo de seu significado léxico como "um ato de morar em um lugar"
• Com base na clara responsabilidade mútua, experimentação, troca e diálogo
• Envolvido com o contexto conectando o local ao global
•Crucial para o ecossistema das artes

• Mecanismos de ponte entre diferentes disciplinas artísticas e setores não artísticos
• Ferramentas para compreensão intercultural e capacitação
• Oportunidades essenciais de desenvolvimento profissional e pessoal
• Catalisadores para mobilidade global
• Encontros com o desconhecido
• Levantamento de perfil com impacto artístico, social e econômico imediato e contínuo
• Contribuintes importantes para a política cultural e diplomacia cultura
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Fonte: resartis.org

Salí de Salvador temprano en una mañana soleada, viajé por el mar, en un catamarán para ir hasta Morro de São Paulo. Allí estaba lista para otra aventura. Una maleta (fabricada por Candida Spetch) con las cosas necesarias para estar en un barco, poca ropa, cuadernos - diarios, hechos especialmente para el viaje por di.Versa; y materiales para dibujar, pintar y registrar los días que estarían a bordo.

Durante la campaña surgieron varias parcerias, entre ellas, ir como comisionada  para EAGER JOURNAL, una plataforma online, creada por Ross Belfer, que presenta ensayos fotográficos originales tomados exclusivamente en formatos de fotografía análoga por colaboradores de todo el mundo.

Cada residencia es única. Para quien no sabe qué es una residencia de arte, básicamente se trata de vivir una experiencia durante un tiempo determinado, en otro lugar, puede ser en un estudio de artista, galería, museo, en el campo, o por qué no, en un barco.

 

En palabras de otros:

“Una experiencia de residencia puede generar una reflexión, una adopción de nuevos paradigmas en la producción creativa del artista, sin generar necesariamente un objeto, un producto en ese momento histórico. Las residencias funcionan tanto como incubadoras de iniciativas, estéticas, reflexiones en el arte contemporáneo, como pueden significar oxigenación o una nueva inyección de espíritu en las artes, conocimientos y prácticas tradicionales ”.
Fuente:
El poder de la residencia artística 

 

Las residencias artísticas son:

• Tiempo, espacio y recursos organizados y suficientes

• Activadores del proceso creativo

• Reflexión de su significado léxico como "un acto de vivir en un lugar"

• Basado en una clara responsabilidad mutua, experimentación, intercambio y diálogo

• Involucrado con el contexto que conecta lo local con lo global

• Crucial para el ecosistema de las artes

• Mecanismos de puente entre diferentes disciplinas artísticas y sectores no artísticos

• Herramientas para la comprensión y la formación intercultural

• Oportunidades esenciales para el desarrollo profesional y personal

• Catalizadores de la movilidad global

• Encuentros con lo desconocido

• Encuesta de perfiles con impacto artístico, social y económico inmediato y continuo

• Contribuyentes importantes a la política cultural y la diplomacia cultural

Fuente: resartis.org

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Cheguei em Morro de São Paulo ainda de manha. Logo peguei uma lanchinha para ir para Gamboa, a praia onde o Mintaka e os Piratas do Amor estavam ancorados. O Mintaka é um ser barco de um mastro com capacidade para receber e dormir confortavelmente 6 pessoas. Os piratas capitães desta embarcação são o Capitão Brok, artesão inventor, Dj, costureiro, cozinheiro e o encarregado pela segurança de todos abordo, é originário de Liechtenstein; o Cris (como todos chamamos) é um ser com ideias e projetos incríveis. Foi um prazer velejar e sonhar acordados. Seus outros projetos são: ideenkanal.com | schaffarei.at 

 

Pirata e capitã Arraia, originaria de São Paulo, também conhecida como Rai, é a encarregada pelo cuidado, amor, afeto e encontros maravilhosos no barco. Ela cozinha pão durante as travessias e cria este podcast, cheio de poesia. Revolucionaria do amor.

A tripulação de piratas:  Águaviva Cósmica, um ser de outra galáxia vizinha, compositor de canções, canta, toca violão, dança e desenha tudo o que esteja por aí. A sua presença é leve e inspiradora.

Jayacósmica, conheci ela no 2 de fevereiro deste ano quando caminhando entrou no meu ateliê aqui em Salvador. A conexão foi imediata e graças a ela e suas histórias no Instagram, soube desta Residência. A Jaya é delicadeza, sabedoria feminina e muito amor. É uma ilustradora, documentarista e contadora de histórias de suas viagens pelo mundo. É uma das maravilhosas mulheres que ilustram a MandalaLunar.

Bruna Hay culinarista ou Bru, como chamamos ela, foi a encarregada da alquimia das nossas comidas. Ela é uma maga, com uma risada deliciosa e sempre disposta a ensinar os seus infinitos saberes na cozinha. É mamãe de Maitê e sempre cuidou de nossa alimentação, levando as melhores marcas de ingredientes, temperos, chocolates, produtos de limpeza e beleza. A Bru chegou desde Florianópolis com uma mala CHEIA de comida, ao final eram seus materiais de criação e magia.

 

​Onde Ancorar? Foi a minha primeira pergunta quando entrei no barco. Saber onde e como ancorar é uma arte que requerer presença, precisão e coragem. Aqui um podcast inspirador da pirata Arraia, falando da AN-coragem.

Llegué a Morro de São Paulo por la mañana. Luego tomé un refrigerio para ir a Gamboa, la playa donde estaban anclados Mintaka y los Piratas del Amor. Mintaka es un barco de un solo mástil con capacidad para recibir y alojar cómodamente a 6 personas. Los capitanes piratas de esta embarcación son el Capitán Brok, inventor artesano, DJ, modista, cocinero y responsable de la seguridad de todos a bordo, originario de Liechtenstein; Cris (como lo llamamos todos) es un ser con ideas y proyectos increíbles. Fue un placer navegar y soñar despierto. Sus otros proyectos son: ideenkanal.com | schaffarei.at

 

La pirata y capitana Arraia, originaria de São Paulo, también conocida como Rai, es la responsable del cuidado, el amor, el cariño y los maravillosos encuentros que suceden en el barco. Ella cocina pan durante las travesías y crea este podcast, lleno de poesía. Revolucionaria del amor. 

 

La tripulación de los piratas: Águaviva Cósmica, un ser de otra galaxia vecina, compositor de canciones y dibujos, canta, toca la guitarra, baila y dibuja lo que encuentra a su alrededor. Su presencia es leve, amorosa e inspiradora.

Jayacósmica, la conocí el 2 de febrero de este año cuando caminando entró a mi estudio aquí en Salvador. La conexión fue inmediata y gracias a ella y a sus historias en Instagram, me enteré de esta Residencia. Jaya es delicadeza, sabiduría femenina y amor. Es ilustradora, documentalista y contadora de historias de sus viajes por el mundo. Ella es una de las maravillosas mujeres que ilustran MandalaLunar.

Bruna Hay culinarista o Bru, como la llamamos, se encargaba de la alquimia de nuestras comidas. Es una maga, con una risa deliciosa y siempre dispuesta a enseñar sus infinitos conocimientos. Ella es mamá de Maitê y siempre cuidó nuestra comida abordo, trayendo las mejores marcas de ingredientes, especies, chocolates, productos de limpieza y belleza. Bru llegó de Florianópolis con una maleta LLENA de comida, al final eran sus materiales para crear magia.

¿Dónde anclar? Fue mi primera pregunta cuando subí al barco. Saber dónde y cómo anclar es un arte que requiere presencia, precisión y coraje. Aquí un podcast inspirador de la pirata Arraia, hablando de

AN-coraje. 

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Saímos de manhã com chuva suave desde a praia da Gamboa. Foi a minha primeira travessia em alto mar navegando num barco a vela. Na saída tivemos que navegar com motor por algum tempo, o vento estava em contra e a maré também. Entrando em alto mar começamos velejar. Sensação de estar numa imensidão de liberdade azul profundo. O silêncio de estar navegando com o vento é música que permanece no corpo.

O corpo perde a referência do equilíbrio e para que ele volte, temos que observar fixamente o horizonte; aquela utopia que tanto desejei estava aí para mim, me acalmando. Observar o horizonte durante uma travessia em alto mar, acalma a alma e o corpo. Deitei algumas vezes, mais não vomitei. Ir no banheiro era o inferno astral, tudo dava voltas dentro de mim. 

A travessia foi mágica, entre conversas de livros, filmes e projetos possíveis. Antes de sair fiz trancas no cabelo de cada um dos tripulantes, tudo segurado e firme para estar presente no mar.  

Finalmente estávamos entrando na Baía de Camamu as 16:40h, com nuvens cinzas de chuva e o sol laranja-rosa se pondo sobre a água.

Águaviva cósmica cantava a suas músicas do mar e todos sorríamos por estar presentes vivendo esta aventura juntos. A magia existe.

Ancoramos no meio entre a ilha de Goió e alguma outra terra-mangue. Celebramos a nossa chegada, entre risos e plânctons no mar-rio. Conquistar o mundo com amor. Pirataria do amor.

Salimos temprano en la mañana, bajo la lluvia, desde la playa de Gamboa, era mi primera travesía en el mar navegando en un velero. A la salida tuvimos que navegar con el motor, el viento soplaba en contra y la marea también. Cuando salimos en alto mar comenzamos a navegar con vela. Sensación de estar en una inmensidad azul profunda de libertad. El silencio de navegar con el viento es música que permanece en el cuerpo.

El cuerpo pierde la referencia del equilibrio. Para que vuelva hay que mirar al horizonte; esa utopía que tanto anhelaba estaba ahí para mí, tranquilizándome. Observar el horizonte mientras se navega en alto mar, calma el alma y el cuerpo vuelve a estar su centro. Me acosté un par de veces, pero no vomité. Ir al baño era un infierno astral, todo giraba dentro de mí.

El cruce fue mágico, entre conversaciones de libros, películas y posibles proyectos. Antes de partir, trencé el cabello de cada uno de los tripulantes, manteniéndolo sujeto y firme para estar presente en el mar. Finalmente estábamos entrando a la bahía de Camamú a las 4:40 pm, con nubes grises de lluvia y el sol rosa anaranjado poniéndose sobre el agua.

Aguaviva cósmica cantava sus canciones del mar y todos sonreímos por estar presentes viviendo esta aventura juntos. La magia existe, habita entre nosotros.

Anclamos en medio entre la isla de Goió y algún otro manglar. Celebramos nuestra llegada, entre risas y planctons en el mar-río. Conquistar el mundo con amor. Piratería del amor.

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Seguimos rio adentro para chegar em Maraú com o sol se pondo no céu. A travessia pelo rio da Serra, foi mais tranquila que pelo mar. Águas calmas e doces, ainda com um pouco de sal. Mangues e palmeiras por todos os lados. Tive a oportunidade de levar o leme do barco durante uma hora, foi emocionante sentir a potencia que é levar um Ser Barco.
Foi uma travessia divertida, entre risos, cantos e água ao redor, parecia estar num sonho. Um sonho adentro de um sonho. Ancoramos na frente da praia da Argila.

No dia seguinte fomos em Maraú, um município de pescadores e belas canoas. Daí pegamos um carro para ir em Algodões, primeira praia da península de Maraú. Chegamos no Sitio do Outeiro, onde comemos o melhor açaí da vida, cultivado, colhido e feito pelo Márcio e a Marisa. Lembrança do futuro, espelhos da alma. Cultivar o próprio alimento, andar descalço pela terra, cuidar das flores, ver o sol nascer e se por, ter o mar e o rio para navegar, sentir que somos natureza.

Caminhamos com Márcio pela sua floresta onde cultiva açaí, banana, guaraná, cana brava, pau do brasil e bambu, entre outras belezas. Lembrança do passado, na Residencia en la Tierra (Colômbia) projeto e lugar de utopias que foram possíveis. O Márcio cultiva a guadua, um bambu grande cultivado na região do eje cafetero da Colômbia. Conhecia o trabalho e obra do arquiteto colombiano Simon Vélez.

Lembranças do meus amigos Fátima, Daniel, Pedro, Sebastián, Alicia e Salomón, que juntos caminhamos durante quatro anos para fazer possível a Residencia en la Tierra, experiência de criação coletiva onde convivemos com artistas de vários lugares do mundo fazendo arte no meio das montanhas.

Continuamos a nossa caminhada na terra para comprar na feira agroecológica de Algodões e levar comida fresca para o barco.  Voltamos para casa a noite, feliz de saber que a nossa casa era o mar.

 

 

Seguimos el río para llegar a Maraú con el sol poniéndose en el cielo. El cruce del río da Serra fue más tranquilo que el cruce en el mar. Aguas tranquilas y dulces, aún con un poco de sal. Manglares y palmeras por todos lados. Tuve la oportunidad de tomar el timón del barco durante una hora, fue emocionante sentir el poder de dirigir un ser barco. Fue un cruce divertido, entre risas, cantos y agua alrededor, parecía en un sueño. Un sueño dentro de un sueño. Anclamos frente a la playa da Argila.

Al día siguiente nos dirigimos a Maraú, municipio de pescadores y hermosas canoas. Luego tomamos un auto para ir a Algodões, la primera playa de la península de Maraú. Llegamos al Sitio do Outeiro, donde comimos el mejor açaí de la vida, cultivado, cosechado y elaborado por Márcio y Marisa. Recuerdo del futuro, espejos del alma. Cultivar la propia comida, caminar descalzo por la tierra, cuidar las flores los árboles, mirar salir y ponerse el sol, tener el mar y el río para navegar, sentir que somos naturaleza.

 

Caminamos con Márcio por su bosque donde cultiva açaí, plátanos, guaraná, caña brava, pau Brasil y bambú, entre otras bellezas. Viajé al pasado, recordando Residencia en la Tierra (Colombia) proyecto y lugar de muchas utopías que fueron posibles. Márcio cultiva guadua, un bambú grande que se dá en la región del eje cafetero colombiano. Conocía la maravillosa obra del arquitecto colombiano Simón Vélez. Recuerdos de mis amigos Fátima, Daniel, Pedro, Sebastián, Alicia y Salomón, que juntos caminamos durante cuatro años para hacer posible la Residencia en la Tierra, una experiencia de creación colectiva donde convivimos con artistas de todo el mundo haciendo arte en medio de las montañas.

 

Continuamos nuestro recorrido por tierra para comprar en la feria agro ecológica de Algodões y llevar comida fresca al barco. Regresamos a casa de noche, felices de saber que nuestro hogar era el mar.

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Chegamos na Ilha do Tatú, lugar mágico no meio do rio-mar. Ancoramos na frente de uma das praias. Seriam dias de muita liberdade numa ilha que éramos só nós. Finalmente faríamos a tão esperada Mesa Viva.

Todos os dias acordava com o sol, 5:30h, as vezes um pouco antes, numa imensidão de silêncio e água.

Gostava de ir na proa e começar a movimentar meu corpo. Dancei para o rio-mar todos os dias, alguns dias sendo vento, outros sendo água ou sendo um ser barco; habitando os pequenos espaços dentro e fora do meu corpo. Algumas vezes acompanhada da música da Águaviva, quem levemente chegava e começava tocar violão e cantar. Gostei de desenhar a suas canções, sentir a música, transforma-la em linha.

Nesses dias reparei a simpleza de viver. A simpleza da solidão e de ser levado só pelo meu corpo até lugares que desejava explorar. Já tinha essa ideia na cabeça há um tempo, a ideia de ser levada só pela forca da minhas pernas e braços, conduzida pelo olhar observador das miudezas e também das grandes forcas da natureza; e pela intuição de saber que outros seres cuidam da minha existência. Estou segura se meu corpo está firme e ancorado no meu centro.

Me pergunto se a crise que atravessamos nestes momentos, é uma criação coletiva, em resposta a uma sociedade onde a conexão com a natureza é medida pela utilidade dela e o abuso. 

Nestes dias onde a experiência de estar vivo é ainda mas valorizada, nós celebrávamos a vida, preparando uma  Mesa Viva, uma experiência em conexão com a natureza, onde a comida é medicina para a nosso corpo e alma. Ideia e projeto da maga, Bruna Hey, quem foi a capitã desta ação. Toda a tripulação pronta para cortar, desenhar, registrar, catar plantas, cozinhar e comer as delicias feitas por nós mesmos. Chocolates da Magian Cacao, AMMA, delicias da Bioporã e pães da pirata Rai foram algumas das muitas delicias. Esse dia conhecemos ao pescador Ze, quem nos presenteou com um delicioso e fresquinho peixe. O capitão Brok, foi o encarregado de tempera-lo com a massala da Yamuna e logo assa-lo na grela, o melhor dos peixes! Dançamos na luz do luar com plânctons na água.
O céu emprestando as estrelas cadentes pro mar.

Fiz coletas e em tive um encontro com um pedaço de azulejo que registra a paisagem exata da Ilha do Tatú, cheia de palmeiras místicas, visitada só por seres canoas e seres barcos, levando e trazendo, nós, os humanos. Encontros de memórias futuras e passadas.

 

Explosão de beleza, desejo e vida.

Llegamos a la Isla Tatú, un lugar mágico en medio del río-mar. Anclamos frente a una de sus playas. Estos serían días de gran libertad en una isla solo habitada por nosotros. Finalmente haríamos la tan esperada Mesa Viva.

 

Todos los días me despertaba con el sol, a las 5:30 am, a veces un poco antes, en una inmensidad de silencio y agua. Me gustaba ir a la proa y empezar a mover mi cuerpo, danzando para el río-mar. Algunos días me imaginaba siendo viento, agua o a veces siendo un barco, habitando los pequeños espacios dentro y fuera de mi cuerpo. A veces mis prácticas eran acompañadas por la música de Águaviva, quien llegaba con leveza y se ponía a tocar la guitarra y a cantar. Me gustaba dibujar sus canciones, sentir la música, transformarla en línea.

 

En esos días noté la simplicidad de vivir. La simplicidad de la soledad, la idea de ser llevado solo por la fuerza de mis piernas y brazos, impulsada por la mirada atenta en las pequeñas cosas y en las fuerzas intensas de la naturaleza. Seguir la intuición de saber que otros seres cuidan de mi existencia y que estoy segura con mi cuerpo firme y anclado en mi centro.

Me pregunto si la idea de crisis que estamos viviendo, es una creación colectiva en respuesta a una sociedad donde la conexión con la naturaleza se mide por la utilidad y el abuso.

 

En estos días donde se valoriza aún más la experiencia de estar vivo, celebrábamos la vida preparando la Mesa Viva, una experiencia en conexión con la naturaleza, donde la comida es la medicina para nuestro cuerpo y alma. Idea y proyecto de vida de la maga Bruna Hey, quien fue la capitana de esta acción. Todo el equipo listo para cortar, dibujar, grabar, recoger plantas, cocinar y comer las delicias hechas por nosotros mismos. Chocolates de la Magian Cacao, AMMA, delicias de Bioporã y panes de la pirata Rai fueron algunos de los muchos manjares. Ese día conocimos al pescador Ze, quien nos obsequió con un pescado fresco y delicioso. El capitán fue el encargado de condimentarlo con el masala de Yamuna, para luego asarlo a la parrilla. Danzamos bajo la luz de la luna con planctons en el agua.

El cielo prestando las estrellas fugaces para el mar.

 

Hice colectas y tuve un encuentro especial con una pieza de loza que registra el paisaje exacto de la Isla del Tatú, llena de místicas palmeras y vegetación tropical, visitada solo por canoas y seres de bote, llevándonos y trayendo humanos. Encuentros de memorias futuras y pasadas.

 

Explosión de belleza, deseo y vida.

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Voltamos para Maraú depois de quatro dias na Ilha do Tatú. A travessia foi diferente, mesmo que o destino já fosse conhecido. O sol acompanhou a nossa viagem. Ele brilhava e a água do rio-mar ficava mas feliz. Ancoramos na frente da praia da Argila, onde tem uma fonte de água doce natural onde todas as pessoas da região chegam de canoa ou barco para pegar água. Pequenas montanhas de argilas coloridas rodeadas pelos mangues, canoas colorindo a paisagem e a maré levando e trazendo folhas, areias e as vezes uma que outra garrafa plástica, especie invasora do mar e rios. 

Podíamos nadar até a beira da praia. Fui na montanha para estudar as cores das argilas, reparei cada camada, roxa, amarela, vermelha, rosa, branca e cinza. Senti que o tempo se paralisava e eu virava parte da montanha. Ser montanha, ser argila, ser terra. Era médio dia e o sol queimava a nossa pele. Adentro da montanha parecia que a temperatura fosse a metade do que estava fora, no meu desejo de virar montanha, cavei um buraco profundo para pegar argila branca, estava fria e refrescante. Tomamos banho de argila, a Jaya, Pirata Arraia e eu, sentindo o frescor da montanha, falamos das relações, do amor e dos desejos humanos. Dias de aprendizado com o corpo, nadar, correr, treinar, dançar, meditar. Corpo forte para uma mente tranquila e feliz. Liberdade de estar fora e ser um com o todo o que nos rodeia.

Bruna tinha descido do barco o dia anterior. Para a despedida fizemos uma celebração com cacau onde todos viramos crianças lambendo as nossas caras cheias de chocolate. Foi a primeira despedida abordo, com palavras profundas e sentimentos encontrados.

Desenhos, palavras, música, comidas, desejo de viver, mas um dia neste planeta terra-mar.

Regresamos a Maraú después de cuatro días en Ilha do Tatú. La travesía fue diferente, aunque ya se conocía el destino. El sol acompañó nuestro viaje. Brillaba y el agua del río-mar estaba más feliz. Anclamos frente a la playa de Argila, donde hay una fuente natural de agua dulce donde toda la gente de la región llega en canoa o bote a buscar agua. Pequeñas montañas de arcillas coloridas rodeadas de manglares, canoas coloreando el paisaje y la marea tomando y trayendo hojas, arena y en ocasiones una botella de plástico, especie invasora de los mares y ríos.

 

Podríamos nadar hasta la orilla. Fui a la montaña a estudiar los colores de las arcillas, noté cada capa, morado, amarillo, rojo, rosa, blanco y gris. Sentí que el tiempo se paralizaba y me volví parte de la montaña. Sé montaña, sé arcilla, sé tierra. Era mediodía y el sol nos quemaba la piel. Dentro de la montaña sentí que la temperatura era la mitad de lo que estaba afuera, en mi deseo de convertirme en una montaña, cavé un hoyo profundo para obtener arcilla blanca, hacía frío y refrescante. Nos bañamos en barro, Jaya, Pirata Arraia y yo, sintiendo el frescor de la montaña, hablamos de las relaciones, del amor y los deseos humanos. Días de aprendizaje con el cuerpo, nadar, correr, entrenamiento, danza, meditar. Cuerpo fuerte para una mente tranquila y feliz. Libertad de estar afuera y ser uno con el todo que nos rodea.

 

Bruna se había bajado del barco el día anterior. Para la despedida tuvimos una celebración con cacao donde todos nos convertimos en niños lamiendo nuestras caras llenas de chocolate. Fue la primera despedida a bordo, con palabras profundas y sentimientos encontrados.

Dibujos, palabras, música, comida, ganas de vivir un día más en este planeta tierra-mar.

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Saímos de Maraú rumo para Tremembé, rio adentro. A velejada foi linda, sempre a espera do vento chegar, desta vez, sendo levados pela forca da maré.  Ancoramos na metade do rio, entre várias ilhas de mangues e palmeiras. A água era cada vez mais doce e escura com bastante correnteza. Nadei só ao redor do barco, com receio dos seres embaixo da água, gosto mais das águas claras e salgadas. Celebramos a nossa chegada, eram meus últimos dias abordo.

Sentir o balanço da água ao dormir era como estar adentro de algum outro corpo e visitar meus sonhos.

Acordar de madrugada para fazer xixi e olhar para o céu, as vezes com estrelas, as vezes com chuva, nadar, correr, comer, dormir sem roupa, vestindo a verdadeira roupa: a nossa pele; são sensações que ficaram registradas no meus diários internos.

As cachoeiras de Tremembé foram águas fortes e doces. Deixar que a água leve tudo o que não nos pertence. Depois de entrar na água fiquei com vontade de só contemplar e desenhar o seu movimento.

Tempo congelado onde viro invisível e posso captar a essência do movimento da natureza.  Em Tremembé fomos guiados por várias pessoas especiais, os meninos guias das canoas que levaram a gente até as cachoeiras, o menino guia que levou para conhecer Tremembé, na procura de peixe fresco e os encontros com pessoas que acreditam em outras formas de vida e humanidade, cultivando a sua própria horta e peixes amigos. 

Chegamos no barco e a tarde foi de pintura e desenho, peixe grilado e noite de risadas e música no meio arrodeados de água e estrelas fluorescente no céu de lua nova. Manifestando o nosso próximo encontro pirata: destino Salvador, para produzir as belezas criadas juntos abordo do Ser Barco, Mintaka. ​

Ser barco para atravessar

os oceanos grandes e proibidos.

levar e ser levado

ancorar no caos,

esperar o vento soprar,

     mas uma vez

ser barco jardim.

Salimos de Maraú hacia Tremembé, río abajo. La navegación fue preciosa, siempre esperando que llegara el viento, esta vez dejándose llevar por la fuerza de la marea. Fondeamos en medio del río, entre varias islas de manglares y palmeras. El agua se estaba volviendo más dulce y oscura con mucha corriente. Solo nadé alrededor del bote, temeroso de los seres bajo el agua, me gustan más las aguas claras y saladas.

 

Celebramos nuestra llegada, fueron mis últimos días a bordo.

Sentir el equilibrio del agua mientras dormía era como estar dentro de otro cuerpo y visitar mis sueños. Despertar al amanecer para orinar y mirar al cielo, a veces con estrellas, a veces con lluvia, nadar, correr, comer, dormir sin ropa, con la ropa de verdad: nuestra piel; son sensaciones que quedaron registradas en mis diarios internos. Somos un negocio operado y de propiedad familiar.

 

Las cascadas de Tremembé eran fuertes y dulces. Dejando que el agua se llevara todo lo que no nos pertenece. Después de entrar al agua quise simplemente contemplar y dibujar su movimiento.

Tiempo congelado donde me vuelvo invisible y puedo capturar la esencia del movimiento.

 

En Tremembé fuimos guiados por varias personas especiales, los chicos guía de las canoas que nos llevaron a las cascadas, el chico guía que nos llevó a conocer Tremembé, en busca de pescado fresco y los encuentros con personas que creen en otras formas de vida y humanidad, cultivando su propio huerto y peces amigables. 

Llegamos en el barco y la tarde fue de pintura y dibujo, pescado a la parrilla y una noche de risas y música rodeados de agua y estrellas fluorescentes en el cielo de luna nueva. Manifestando nuestro próximo encuentro pirata: destino Salvador, para producir las bellezas creadas juntas a bordo del Ser Barco, Mintaka.

 

Ser barco para atravesar

océanos grandes y prohibidos 

llevar y ser llevado 

anclar en el caos

por la espera del viento soplar,

    más una vez

ser barco jardín.

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